Mesmo sendo conduzidos a algum equívoco ou omissão, pelo que pedimos antecipadamente escusas, há determinadas personalidades, instituições ou iniciativas que precisam ser resgatadas para que as novas gerações saibam e reverenciem quem, com destemor e extrema dedicação, deu o melhor de sua inteligência e de sua energia para este primeiro e decisivo passo, sem o qual não haveria o fim do regime militar nem eleições diretas em todos os níveis nem a Constituição cidadã de 1988.
Sem considerar ordem de importância e muito menos ordem cronológica de entrada na luta pela anistia, destaquemos como forças sociais decisivas:
¤ Os comitês brasileiros pela anistia, tanto no Brasil quanto no exterior, que reuniram centenas de brasileiros em defesa do restabelecimento da ordem democrática;
¤ A dra. Therezinha Godoy Zerbini, advogada e membro da OAB de São Paulo, fundadora e líder inconteste do Movimento Feminino pela Anistia, surgido em 1975 e que teve ramificações por todo o país;
¤ A Igreja Católica, nas pessoas de dom Evaristo Arns, dom Luciano Mendes de Almeida e dom Helder Câmara, do pastor Jaime Wright e do rabino Henri Sobel;
¤ O semanário de humor O Pasquim, dirigido por Jaguar e Ziraldo, considerado na época o maior veículo da anistia;
¤ A OAB nacional e suas representações regionais, através de advogados do quilate de Raymundo Faoro, Seabra Fagundes, Maurício Correa e José Paulo Sepúlveda Pertence;
¤ A ABI, trincheira dos jornalistas democratas, tendo à frente nomes como Barbosa Lima Sobrinho, Zuenir Ventura, Carlos Heitor Cony;
¤ A Anistia Internacional, organização não-governamental nascida em Londres, que foi importante instrumento para levar ao mundo as denúncias de prisões, de torturas, de "desaparecimentos" de presos políticos no Brasil, e para coordenar campanha de pressão internacional em favor da anistia;
¤ A Editora Civilização Brasileira, sob o lúcido e corajoso comando de Ênio Silveira, com suas publicações (livros e revistas) a serviço das liberdades e do esclarecimento da sociedade.