É IMPORTANTE LEMBRAR

A partir de abril de 1964 foram sendo cassados milhares de brasileiros (por ato formal ou administrativamente). Muitos através de atos formais, outros por meio de instrumentos mais ilegais (e ilegítimas) ainda, de violência física e seqüestros.

Há centenas de brasileiros dos quais ainda não temos notícia. Honestino Guimarães, aluno de final de curso de Geologia na Universidade de Brasília, é um deles, talvez possa simbolizar os cidadãos mortos e desaparecidos. Outros morreram no abandono ou tiveram suas vidas, e de suas famílias, arrasadas por absoluta falta de oportunidade de emprego e segurança.

Mesmo no interior, em cidades pacatas, reinava o medo. Brasileiros cassados eram vistos com temor; amigos se afastavam, até mesmo o comércio tinha medo de vender-lhes produtos.

A ignorância da truculência se espalhava. E derrotava o Brasil.

Com a anistia se procurou reparar esse dano. O direito à aposentadoria ou à reintegração em seus antigos empregos foi o mínimo que a sociedade poderia exigir para corrigir o erro de atentar contra a cidadania desses brasileiros, que lutaram por justiça social e igualdade de oportunidades.

Depois da anistia, a luta de muitos ainda continua, pois não foi automático o reconhecimento do direito e alguns ainda esperam ver seus direitos respeitados.

Uma das formas de garantir que esses direitos continuem a ser respeitados é a lembrança. Por isso, ao comemorarmos a conquista da anistia, como passo fundamental para o estabelecimento da democracia, o fazemos também como forma de lembrar que milhares de brasileiros foram penalizados, brutalizados e violentados. Os direitos dos anistiados, o respeito a eles, sobretudo, é também a garantia de todos os demais brasileiros à cidadania.