Estudante de Timbó é assassinado em SP

“O maior tormento é arrumar o quarto do filho que já morreu.” Esses versos de uma canção de Chico Buarque retratam o drama vivido pela família Mayr, de Timbó, com o desaparecimento do estudante Frederico Eduardo Mayr. Ele foi morto em 1972 no Doi-Codi paulista, aos 24 anos, depois de ser preso e torturado. A emoção em reencontrar o corpo, no Bairro Perus, em São Paulo, é o fato mais marcante para seus familiares.

O irmão mais novo, Luiz Mayr, que mora em Florianópolis, considera uma “felicidade para a família ter resgatado o corpo”. Frederico Mayr está enterrado no Rio de Janeiro, cidade que havia deixado para viver os últimos três anos de sua vida como clandestino em São Paulo.

Os contatos com a família foram poucos, quando o estudante estava na clandestinidade, e por meio de cartas. “Ele não podia se expor, para a própria segurança e também da família”, recorda Luiz Mayr.

Frederico nasceu em Timbó, mas sua família mudou-se para o Rio. Ele ingressou no movimento estudantil e foi obrigado a tornar-se um clandestino. Mudou-se para São Paulo e atuou na resistência ao regime militar.

A notícia da morte do estudante veio por intermédio de um amigo que trabalhava no corpo diplomático. Eles tiveram acesso a um documento sobre os direitos humanos no Brasil e que trazia a lista dos mortos pela ditadura. A indenização recebida pela família após o reconhecimento das torturas pelo presidente Fernando Henrique Cardoso não apaga o sofrimento da história inacabada. “Nenhum dinheiro o trará de volta”, diz Luiz Mayr.

 

Matéria do Diário Catarinense - 29/08/99.