Exposição
de charges, no Rio, exibição de
filmes e leituras dramáticas de textos censurados
em Brasília marcam os 20 anos da Anistia
Vários eventos marcam as comemorações dos 20 anos da Lei da Anistia, promulgada pelo presidente Figueiredo em 28 de agosto de 1979. Em todo País estão programadas palestras, debates, shows, exposições, lançamentos de livros e exibição de filmes.
No próximo dia 25 será inaugurada, no Rio de Janeiro, a exposição 20 Anos de Anistia com Charge, que será realizada na Casa de Cultura Laura Alvim e reunirá desenhos de 20 grandes cartunistas brasileiros, cujos desenhos, à época, foram usados como forma de resistência cultural e de expressão de indignação e liberdade. Também serão mostrados trabalhos atuais de alguns desses cartunistas e de novos talentos da charge brasileira. São cerca de 50 charges que devem percorrer as principais capitais do País. Entre os chargistas consagrados que participam da exposição, figuram nomes como Henfil, Ziraldo, Jaguar, Claudius, Nani e Claudio Paiva. Na seção Anistia, 20 anos depois, que também faz parte da mostra, são apresentados trabalhos de desenhistas novos, que surgiram profissionalmente depois da Anistia. Entre eles, Aroeira (O Dia), Ique (Jornal do Brasil), Quinho (Diário da Tarde), Cau Gomez (A Tarde) e Amorim (Correio do Povo). Para Marcos de Souza, produtor da exposição e sobrinho de Henfil, a charge foi uma das “armas” mais poderosas de luta contra a ditadura. “Através dos desenhos era possível transmitir coisas que, muitas vezes, os censores não conseguiam entender”, diz. A exposição faz parte do evento 20 Anos de Anistia e fica no Rio até 12 de setembro. No dia 27 de agosto participa do tradicional Salão do Humor de Piracicabas.
Para o dia 30, ainda no Rio de Janeiro, está prevista a palestra musical Suíte Brasil 500 anos e o lançamento em cd do disco Suíte Brasil, do compositor Francisco Mário, irmão mais novo do chargista Henfil e do sociólogo Betinho, todos já falecidos, na sala Cecília Meireles. O objetivo da palestra, que também faz parte do evento 20 Anos de Anistia, é contar a história do Brasil - do descobrimento às Diretas - através da música. A palestra, organizada pelo filho do compositor e produtor do evento, Marcos Souza, conta, ainda, com a participação do historiador José Murilo de Carvalho e do jornalista e escritor Affonso Romano de Sant’anna.
Também estão previstas a edição e reedição de obras que tenham algum tipo de relação com a data. Entre elas, uma obra de pesquisa sobre a censura nas diversões públicas, feita nos anos 70 e 80, principalmente na música, de autoria de Ricardo Cravo Albin. Segundo ele, “é importante falar sobre a anistia. É preciso mostrar às pessoas que a luta que afinal gerou a Anistia foi fundamental. No livro, mostro toda a trajetória que enfrentamos para “pulverizar” a censura nas diversões públicas, que finalmente foi extinta oficialmente com a Constituição de 88”.
Em Brasília, além das comemorações oficiais - sessões especiais na Câmara e no Senado - previstas para o dia 18, o Núcleo de Arte e Cultura (NAC) e o Teatro Goldoni, da Casa D’Italia, comemoram a data com a exibição de filmes políticos e leituras dramáticas de textos censurados durante o regime militar, seguidas de debates.
Maiesse
Gramacho
Repórter do Jornal de Brasília
Matéria publica em “Anistia de 79, 20 anos”, caderno especial do Jornal de Brasília – Edição de 11/08/99.