Entidades e políticos na luta da resistência

 

Enquanto muitos definhavam nos cárceres da ditadura - mesmo com as penas comutadas segundo a nova Lei de Segurança Nacional - e outros tantos amargavam saudades em terras distantes, banidos pelo regime; grupos suprapartidários se organizavam para resistir, mobilizando a sociedade para a luta em favor da anistia. Em Pernambuco, pelo menos três dessas organizações atuavam concretamente nesta direção: o Comitê Brasileiro pela Anistia (CBA), a Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Olinda e Recife (CJP) e o Movimento Feminino pela Anistia (MFA). Também merece destaque a participação de veteranas entidades como a OAB e a ABI.

"Éramos pessoas que participavam de uma resistência pacífica ao regime militar", conta o advogado e ex-presidente do núcleo pernambucano do CBA, Eduardo Pandolfi, um ex-deputado estadual (MDB) que teve a irmã - Dulce - presa e torturada, em 1971, por sua militância na extinta Aliança Libertadora Nacional (ALN). Segundo ele, o Comitê "não era um partido político, mas havia quem o achasse uma organização política". Sua atuação consistia basicamente em mobilizar a população para a luta pela anistia, "através de atos e comícios. Mas, é claro, também havia um trabalho jurídico em favor dos presos políticos. Muito mais de pessoas - advogados que militavam no Comitê - que tarefa da entidade", resume.

Já a Comissão de Justiça e Paz (o braço político da atuação pastoral do arcebispo Dom Hélder Câmara), agia sob a presidência do advogado e atual deputado estadual Pedro Eurico (hoje no PSB). "Naquela época atuávamos em defesa dos presos políticos e dos exilados que regressavam. Dom Hélder usava seu prestígio para interceder em favor dos presos políticos de Itamaracá, em greve de fome, e eu, como advogado, também tratava da regularização dos documentos dos que estavam voltando ao Brasil", relembra Eurico.

 

Matéria do Jornal do Commercio - 29/09/99.